top of page

GLUESP

 A rápida evolução do pensamento moderno, que a todo o momento é atropelado pelas conquistas científicas, transformou a antiga civilização rural em uma civilização pós-industrial, em todos os países desenvolvidos. Fronteiras políticas e culturais têm sido progressivamente superadas pela avalanche que nos levou à era da globalização.

Aliás, tudo indica que a aplicação da informática às telecomunicações nos levou a um ponto de inflexão na História da Humanidade. Diante de tantas mudanças provocadas pela comunicação - livre e ilimitada - entre os povos de todo o Mundo, é válido perguntar se também haverá alguma mudança na Ordem Maçônica. Será a Maçonaria do futuro diferente daquela tradicional que conhecemos hoje? Estamos dando um passo extremamente significativo para reestabelecer a História e princípios maçônicos.

A Informática, ramo específico da ciência eletrônica, permite que os maçons se comuniquem em todo o mundo. Isto significa que se comunicam Irmãos pertencentes a Potências diferentes, reconhecidas ou não entre si. Como tão bem diz a Constituição de Anderson de 1723, estes Irmãos “estavam condenados a manter distanciamento perpétuo”. Hoje em dia, a globalização da informação permite superar e tornar obsoletos e sem sentido não só o problema da localização geográfica dos Irmãos, mas também o do reconhecimento entre suas Potências, que é um dos nossos objetivos.

Maçons do diversos lugares do planeta falam uns com os outros, conhecendo-se e trocando informações sobre Maçonaria, sem a interferência de sua Loja ou de sua Potência. Isto permite conhecer em poucos meses muito mais sobre a Maçonaria no Mundo do que poderíamos conhecer em anos de estudo e de pesquisa, na literatura Maçônica ao nosso alcance. Deste modo, nunca foi tão verdadeira quanto é hoje, a expressão “Maçonaria Universal”. Na verdade, antes da existência da Internet e da comunicação global, esta expressão não passava de puro exercício de retórica. Após 1717, boa parte da Maçonaria esqueceu que a primeira Grande Loja de Londres bem como todas as demais Potências, foram criadas para servir aos Irmãos e às suas Lojas.

Ao longo do tempo perdeu-se esta perspectiva, e muitas Potências Maçônicas passaram a atuar como se as Lojas tivessem sido criadas para servir às suas Altas Administrações. Novos e sucessivos regulamentos foram criados, muitas vezes sem serem submetidos e aprovados pelos Irmãos. Decisões de valor questionável criaram a maioria dos “Landmarks”, considerados imutáveis e bastante convenientes para manter as vantagens oferecidas pelos cargos. Há casos de Potências que estabeleceram em seus regulamentos que é proibido tudo o que não é especificamente permitido e conveniente à elas. Há outras Potências que se sentem livres para estender o seu controle sobre Lojas de outras Potências, governando-as em proveito próprio.

Deste modo, a Ordem se dividiu em inúmeras Potências, cada uma suspeitando da outra, que não reconhece, muitas vezes usando de artifícios, nem sempre éticos, na busca dos reconhecimentos tanto na esfera nacional quanto na internacional. Em muitos casos, a obtenção de um reconhecimento significa muito, desde que, sejam adquiridos por meritocracia. Afinal, para que serve o tão decantado reconhecimento, se Irmãos de Potências diferentes, que só estão preocupados em praticar a pura Maçonaria, se reúnem em Lojas Virtuais e em Grupos que se comunicam pela Internet? Por que não colocarmos em prática o que já realizamos no mundo virtual ? Universalizemos tudo !!!!!

Deste modo, é bastante cristalino que o contato entre os Irmãos de todas as Potências está ligando os elos da grande e verdadeira corrente maçônica espalhada pelo Mundo. Esta comunicação cada vez maior, mais rápida e mais barata, já está mudando a face da nossa Ordem. Em seus contatos, os Irmãos trocam informações sobre a história, as tradições, os significados dos símbolos e sobre os objetivos da Instituição. Eles aprendem sobre as semelhanças e as diferenças entre as suas Lojas, os seus ritos e os usos e costumes particulares da Maçonaria em diferentes países.

Adicionalmente, encontram novas idéias para melhorar suas Lojas, e trocam experiências com vistas à solução de seus problemas. Por exemplo, uma Loja aqui em São Paulo, usa com sucesso os métodos de uma Loja no Japão para tornar as reuniões mais interessantes e garantir maior presença dos Irmãos; uma Loja em Paris e outra na Argentina usam métodos desenvolvidos por uma Loja de Washington, para melhorar o desempenho de seus Oficiais; os Irmãos da Inglaterra descobrem pela Internet que o seu próprio pais tem a maior Maçonaria feminina de todo o Mundo.

Sem dúvida, a comunicação via Internet tende a reforçar os laços fraternais que unem os Irmãos. Muitas vezes estes laços se transformam em verdadeira amizade, pela troca de experiências e pela ajuda mútua na solução de problemas, tanto no que concerne à Ordem quanto a nível pessoal.

Deste modo, e pela primeira vez desde que as quatro Lojas de Londres fundaram a primeira Potência Maçônica, está sendo consolidada, sem alarde, mas com rapidez crescente, a verdadeira Maçonaria Universal, representada humildemente pela nossa GLUESP - Grande Loja Unida do Estado de São Paulo, liberta das limitações impostas pelos Altos Corpos, aferrados aos ultrapassados conceitos da Regularidade Territorial e de Origem. A Maçonaria precisa ser livre, sem barreiras, sem preconceitos, sem a auto-denominação de “regulares”.

Uma coisa, porém, é bastante clara: as Obediências, se não desejarem ser postas à margem, deverão promover mudanças em suas Altas Administrações. Elas deverão incorporar em seus Regulamentos as normas básicas dentro das quais se desenvolverão as comunicações dos Irmãos sem esse estigma de auto–regularidade.

Em futuro muito próximo, Grandes Oficiais e até Grão-Mestres serão escolhidos dentre aqueles que fazem hoje uma Maçonaria Justa e que, por isso mesmo, além do acervo de conhecimentos adquiridos, desejarão aprimorar os Regulamentos e as Constituições de suas Obediências, os quais, em muitos casos, deixaram de atender aos verdadeiros anseios dos Maçons. Acima de tudo, estes novos dirigentes da Ordem irão considerar que milhões de Irmãos, cujo contato era evitado por serem “irregulares”, são também fraternos e dignos de todo e qualquer reconhecimento, independentemente de em e por qual Potência tenha realizado sua Iniciação.

A globalização da informação não produzirá mudanças nos princípios iniciáticos, morais e filosóficos da Ordem Maçônica. Por outro lado, o fato de que Irmãos de Potências diferentes, trabalhando em Ritos diferentes, em quantidades cada vez maiores, se reunirão pela Internet, para tratar de projetos comuns, fará com que sejam inevitáveis as mudanças na Ordem, a nível administrativo e organizacional.

Sem dúvida, este processo de mudança será inevitável e, assim, em futuro não muito distante, a comunicação dos Irmãos via Internet induzirá a mudanças no relacionamento entre as Lojas, e entre as Lojas e suas Altas Administrações. Aos Altos Corpos – de todas as Obediências - restam duas alternativas: ou se engajam neste movimento que estamos propondo de universalizar a Ordem, ou perderão o poder jurisdicional sobre os Irmãos e sobre as suas Lojas.

Roguemos ao Grande Arquiteto do Universo para que sejamos sábios e virtuosos; que possamos viver intimamente ligados por laços de estima recíproca, com confiança e amizade, tornando esse antigo sonho e hoje uma realidade, a GLUESP, o lançamento da pedra fundamental dessa Maçonaria do futuro.

Agradeçemos ao Grande Arquiteto do Universo por tê-los como Irmãos, porque como tal vos reconheçemos, porém, sabemos que cada um de nós pode fazer melhor. Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe, ilumine e guarde.

Sejam bem vindos à Maçonaria do futuro.

bottom of page